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terça-feira, 21 de junho de 2011

O Clássico do Imperador Amarelo

Huang Di (黃帝) (pinyin: huángdì) é conhecido no ocidente como o Imperador Amarelo.
É um dos Cinco Imperadores, reis lendários sábios e moralmente perfeitos que teriam governado a China após o período de milênios regido pelos também lendários Três Augustos ou Três Soberanos.
O Imperador Amarelo teria reinado de 2698 AC a 2599 AC. É considerado o ancestral de todos os chineses da etnia Han e o introdutor do antigo calendário chinês.
Conta a tradição que desde criança Huang Di era muito perspicaz, dotado duma inteligência fora do comum e capaz de estabelecer raciocínios avançados, além do normal para a sua idade, sobre os mais variados temas.
Durante o seu reinado Huang Di interessou-se especialmente pela saúde e pela condição humana, questionando os seus ministros-médicos sobre a tradição médica da época.

Do registro das conversas entre Huang Di e seus ministros surgiu a obra conhecida atualmente como Nei Jing (内經) (pinyin: Nèijīng) - "O Clássico do Imperador Amarelo".
Esta obra é considerada um dos livros fundamentais da medicina tradicional chinesa. Divide-se em dois livros, de 81 capítulos cada um:

O Su Wen - "Tratado de Medicina Interna"
e o Ling Shu - "O Pivot Maravilhoso".

Além de uma concepção sobre a patologia humana suas causas e tratamentos, contêm prescrições sobre a vida e “adaptação” do ser humano de acordo com o sexo e faixas de idade distinguindo diferentes ciclos: sazonais (5 estações), ciclos circadianos (Yin/Yang) e ciclos infra e ultradianos (“a grande circulação da energia” que obedece aos cinco elementos e o ciclo vital) que delimitam a relação dos órgãos internos com as fases do dia ou períodos comuns da vida humana envolvendo o nascimento, maturação sexual e envelhecimento.

Há muitas versões sobre a origem desses textos ideográficos. Alguns estudiosos da história da China acreditam que o Nei Jing tenha sido realmente escrito por um grupo de médicos do Período dos Reinos Combatentes, (dinastia Chou orientais, 721-256 Ac.) (Horn; Sussman) , época associada à conquista do ferro e aos grandes clássicos da cultura chinesa que originaram o Taoismo (a partir do Tao Te King de Lao Tsé) e Confucionismo (Confúcio), os sábios da corte teriam feito uma síntese da tradição oral médica chinesa daquela época, naturalmente face aos recursos da escrita artesanal e instabilidade política da época, sofreu diferentes adaptações e versões.
Os primeiros papéis produzidos na China datam o séc. II de nossa era também descobertos em antigo sítio arqueológico do período Han (estampados como tabuinhas que resultaram na invenção da xilografia (VIII aC.) e tipografia entre 1380 e 1430. O primeiro texto de ampla divulgação encontrado é a Sutra do Diamante (Jingangjijing), o que se deve a divulgação do Budismo. A partir dos séc. XII e XIII as primeiras grandes coleções de textos enciclopédicos. Gernet J.
A versão da dinastia Tang (618-906) é uma das mais conhecidas graças ao poder e riqueza dessa época, contudo a versão mais antiga (clássica) corresponde à dinastia Han. O livro do imperador amarelo, da forma como é hoje encontrou respaldo nos achados recuperados em 1973 do túmulo nº3 em Mawangdui Changsha, província de Hunan. (Fu Weikang).
Além do cânone básico, a fabricação do aço - imprescindível para compreensão e prática da acupuntura moderna - e potencial divulgação do papel são referências suficientes para associar a etnia Han ao desenvolvimento da acupuntura. As primeiras referências à fundição do ferro são anteriores à esta, correspondem a dinastia Chou 513 aC., contudo nada impede a prática da acupuntura com agulhas de bronze (2000 aC.) ou mesmo pedra e ossos.
[editar] Múltiplas possibilidades de interpretação
Na perspectiva da antropologia estrutural O Livro do Imperador Amarelo corresponde segundo Levi-Strauss a um "documento bruto" o que equivale a uma etnografia, elaborada por representantes da própria etnia, segundo ele opinião da qual também partilha Durkheim e Mauss.
A abordagem etnográfica traz com ela a dificuldade de comparar povos sem escrita vivendo organizações naturais de famílias, clãs e tribos ou nações com formações culturais complexas organizadas no tempo e espaço a partir da escrita em interação com a nossa civilização.
No caso da China com cinco mil anos de história expressões com sociedades pré – econômica ou proto-econômicas, pré - cientificas, ou pré industriais dificilmente se aplicam a períodos anteriores à formações imperiais dado ao volume do comércio e tecnologia que se registra desde 2000 aC. , data em torno da qual se assinala o fim do período neolítico as técnicas de cerâmica Longshan e Yang Shao e nos remetem aos mitos que fundamentam a organização imperial dos cinco e três imperadores ancestrais.
O estudo da dinastia Han, por sua vez nos remete à difícil distinção conceitual, na perspectiva antropológica entre etnias e dinastias ou à organização destas a partir das lutas internas pelo poder imperial. Identifica-se hoje na China 56 Etnias, 55 destas (com 60 milhões de pessoas) sob a sombra do poder da principal nacionalidade, segundo Haesbaert, o grupo Han que envolve 93% da população.
O estudioso da civilização chinesa Joseph Needham da Universidade de Cambridge participa da idéia que a medicina chinesa está embriônicamente integrada ao nosso processo civilizatório. Identifica uma série de “coincidências” de período histórico e estrutura conceitual entre esta e a medicina hipocrática inclusive entre os textos (66 tratados) que compõem corpus hippocraticum (460 – 379 aC.) destacando a concepção dual, a dinâmica dos cinco elementos e a relação microcosmo – macrocosmos em especial a relação saúde e meio ambiente.

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