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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Tao Te Ching

O Tao Te Ching (em chinês:  道德經) ou Dao de Jing, comumente traduzido pelo nome de "O Livro do Caminho e da sua Virtude" , é um dos antigos escritos chineses mais conhecidos e importantes. A tradição diz que o livro foi escrito em cerca de 600 a.C. por um sábio que viveu na Dinastia Zhou chamado Lao Tzi ("Velho Mestre"), como um livro de provérbios relacionados com o Tao , e que acabou servindo como obra inspiradora para diversas religiões e filosofias, em especial o Taoísmo e o Budismo Chan (e sua versão japonesa o Zen).Como a maior parte das figuras mitológicas dos fundadores de religiões , a vida do escritor do Tao Te Ching , Lao Tzu é envolto em lendas. Segundo a tradição Lao Tzi nasceu no sul da China cerca de 604 a.C sendo superintendente judicial dos arquivos imperiais em Loyang, capital do estado de Ch'u. Desgostoso pelas intrigas da vida na corte, Lao Tzi decidiu afastar-se da sociedade seguindo para as Terras do Oeste. Montado em uma carroça guiada por um boi , seguiu viagem, mas ao atravessar a fronteira, um dos seus amigos, o policial Yin-hsi, o reconheceu e lhe pediu que escrevesse seus ensinamentos antes de partir. Lao Tzi então escreveu o pequeno livro conhecido posteriormente como o Tao Te Ching , e partiu em seguida. Segundo a história, morreu em 517 a.C. Lao Tzi foi canonizado pelo imperador Han entre os anos 650 a.C. e 684 a.C

Trata‑se de um texto filosófico relativamente curto, com pouco mais de 5000 caracteres, que era originariamente conhecido como o Lao Tse (老子, que significa Velho Mestre) ou como o Texto de cinco mil palavras (五千字文, wǔqiān zìwén).O seu nome actual vem das palavras que iniciam cada uma das duas secções principais em que é hoje normalmente dividido, chamadas Livro do Tao (道經, dào jīng) e Livro do Te (德經, dé jīng). A palavra Ching (經, jīng) designa um livro considerado como um clássico. Tao (道, dào), que significa «via» ou «caminho», é o nome usado para designar o que há de mais profundo e misterioso na realidade, e Te (德, dé), que significa «virtude» ou «conduta», é o nome usado pelos taoistas para designar a sua manifestação no mundo. A escola de pensamento taoista (道家, dào jiā) ficou explicitamente identificada com a palavra Tao, por ter atribuído conotações novas a este termo, associando‑o a uma abordagem diferente do conceito de Realidade Última. Os mais recentes estudos apontam para que o Tao Te Ching tenha sido escrito entre 460 a.C. e 380 a.C. A versão mais antiga que se conhece do Tao Te King foi encontrada em 1993, em Guodian, na China, num túmulo datado do período de meados do século IV ao início do século III a.C. Está escrita numa série de réguas de bambu, cada uma das quais contém cerca de vinte caracteres. O texto passa de uma régua para outra sem qualquer pontuação ou divisão em parágrafos ou capítulos. De todas as versões que chegaram até aos nossos dias a que é normalmente considerada como sendo a mais fiável é a que acompanha os comentários ao Tao Te King escritos por Wang Pi (王弼, wángbì; n.226 – f. 249 d.C.).

Interpretação
As diversas correntes do pensamento religioso e filosófico através dos tempos atribuiram milhares de interpretações diferentes ao sentido do Tao Te Ching. Porém , o tema principal do livro é localizado em seu primeiro provérbio: "O Tao que pode ser dito não é o Tao Verdadeiro". O Tao Te Ching situa a origem de todas as coisas no Tao (Caminho, Senda), que longe do conceito de Deus nas religiões deístas, é um príncipio inimaginável, inenarrável, eterno e absoluto, que não pode ser compreendido, já que qualquer tentativa de classificá-lo, cria uma dicotomia que não pode existir em algo Eterno e Absoluto. Já que o Tao não pode ser compreendido, o Tao Te Ching enfatiza que não existem meios de manipulá-lo. Logo os seres devem viver uma vida simples, sem grandes questionamentos morais ou filosóficos, onde se enfatize o "não-agir" (a "não-acção",wu wei,無為 ), isto é, deixar-se guiar pelo curso natural e lógico dos eventos do universo. O homem que seguir este príncipio acaba liberto das vicissitudes da vida, e se torna o "Homem Santo" celebrado no taoísmo.
Uma filosofia deste tipo, logicamente quebra todos os conceitos e tentativas do homem controlar seu destino e demonstra que toda tentativa de se criar uma religião, uma sociedade política ou moral acaba sempre sendo infrutífera.
As ideias cosmogónicas e metafísicas do Tao Te Ching de acordo com algumas ramificações do taoísmo podem ser definidas da seguinte forma:

Tudo nasce do vazio indiferenciado, imensurável, insondável, que nunca pode ser exausto: «o Tao sem nome», que se move em torno de si mesmo sem parar. Deste «Tao sem nome» (que não existe) nasce o que existe (e tem nome): O Caminho (Tao). Não vemos o Tao como Um por causa dos nomes com que designamos o que vemos com os nossos sentidos - as «dez mil coisas» (O caracter chinês que significa «dez mil» Tenthousandchinese.jpgé usado, como aliás também no grego, para significar uma míriade, ou seja, um número grande e indefinido.) É com o aparecimento dos nomes que aparecem todas as coisas e o Um se transforma em muitos.

A Virtude (Te) é a manifestação do Tao através da sua misteriosa operação: o chamado «agir não agindo» - a acção involuntária que caracteriza a natureza das coisas - «O modo de Caminhar».
Lao Zi

A partir destas ideias cosmogónicas e metafísicas, Lao Tzi deduz um sistema de moral e regras de conduta que tem por objectivo conformar as acções humanas com a ordem natural do Universo. O Homem nasceu do Tao mas depois começou a desviar-se dos seus atributos, ou seja, perdeu a Virtude - o saber como Caminhar. É uma queda que lembra a queda que se seguiu à expulsão de Adão e Eva do Paraíso, segundo a Bíblia. O Caminho do Tao é o caminho de volta ao estado de graça em harmonia com o Tao (o chamado «regresso precoce»).

Tao é normalmente traduzido como Caminho ou Via. Mas apenas por parecer ser «o melhor que se pôde arranjar». De facto, o caminho não se distingue do caminhante ou do caminhar. Não há criador. O universo (o Céu e a Terra) apareceu (e aparece continuamente) a partir do Tao primordial. O que existe aparece do que não existia antes e é eterno. O universo é como um organismo vivo resultante da expansão vitalizada do Tao (a ordem natural, a providência). O Tao manifesta-se continuamente no fluxo e refluxo constante de todas coisas que existem e que foram criadas pela sua actividade.

O Tao não tem personalidade. O que vitaliza o universo são dois princípios ou substâncias que combinados são o Tao: o yang (luz, calor, criativo, masculino) - que existe especialmente concentrado no Céu - e o yin (sombra, frio, receptivo, feminino) - que existe especialmente concentrado na Terra.

Vários filósofos taoístas chineses entendem os versículos que expõem as ideias cosmogónicas sobre o início do universo como sendo, de facto ou também, a descrição do modo como a consciência da realidade externa emerge na nossa mente.

Quando vemos uma cor ou ouvimos um som, há um momento breve inicial em que o nosso cérebro ainda não fez um julgamento sobre a nossa percepção; não sabemos ainda que som ou cor é, nem sequer temos ainda uma consciência clara que estamos a ouvir ou ver alguma coisa. Estamos no domínio «do sem nome», do vazio indiferenciado que nunca pode ser exausto ou descrito. Depois, quando emerge a consciência e o pensamento, que tem por base a linguagem, passamos ao domínio «do que tem nome» e vemos então todas coisas diferenciadas, cada uma com o seu nome. É com o aparecimento dos nomes que aparecem todas as coisas e o Um se transforma em muitos.

Em termos mentais, o Caminho do Tao é o caminho de volta a esse breve «estado de graça» inicial. Um estado em que qualquer trabalho mental interior é eliminado e em que regressamos à nossa espontaneidade natural. As práticas dos Budismos Chan e Zen, que tiveram a sua origem nas ideias taoistas, têm como objectivo exactamente atingir esse estado mental primordial de fusão paradoxal com o Um.
Leia o Tao Te Ching clicando aqui

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