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sábado, 20 de fevereiro de 2016

Acupuntura para crianças, bebês e grávidas

Para a medicina tradicional chinesa, a má distribuição da energia vital é a responsável pelas enfermidades do corpo, desde o nosso nascimento. Ao estimular determinados pontos, o organismo conseguiria restabelecer seu equilíbrio, combatendo esses males. Entretanto, o pediatra Lo Sz Hsien, do Colégio Médico de Acupuntura de São Paulo, conta que o método ainda encontra resistência no Ocidente, entre os pais de crianças – muitos deixam de adotá-lo por temerem que as agulhas machuquem seus filhos ou por terem dificuldade de acreditar em conceitos abstratos, como o da energia vital.

Apesar de a terapia enfrentar certa descrença, porém, os benefícios são comprovados: por ressonância magnética, é possível notar que o cérebro é ativado em diferentes áreas, conforme os pontos da acupuntura são acionados, segundo explicam os especialistas ouvidos pela CRESCER.  “Ao receber o estímulo, o cérebro promove a liberação de substâncias como serotonina, dopamina e noradrenalina que, por sua vez, vão atuar nos sistemas endocrinológico e imunológico – e eles,  finalmente, vão agir nos demais órgãos do corpo, favorecendo-os”, ensina Hsien.
QUANDO A ACUPUNTURA É RECOMENDADA?
A acupuntura praticamente não apresenta contraindicações. A única ressalva são crianças com problemas de  coagulação, que não devem se submeter à versão com agulhas, a fim de evitar sangramentos. O método é recomendado tanto para tratar ocorrências comuns nos primeiros anos de vida – entre elas, alterações no sono e no intestino, perda de apetite, agitação e irritação – quanto para simplesmente equilibrar a imunidade, prevenindo alergias, gripes e outros problemas respiratórios. 
NA PRÁTICA
O trabalho do pediatra acupunturista segue o protocolo de qualquer consulta pediátrica, com pesagem da criança, medição de crescimento e avaliação de eventuais exames. Além disso, o profissional analisa duas regiões capazes de revelar o estado de saúde, com base no critério  oriental: a língua e a pulsação. “Características como cor, textura, formato e presença de saburra na língua (aquela crosta branca), além de intensidade e frequência dos batimentos cardíacos, fornecem informações sobre os sistemas internos, indicando se há uma disfunção. A partir daí, definimos se a acupuntura é o tratamento adequado ou se devemos recorrer a outra abordagem, como a medicação”, diz Hsien.
Em certos casos, como os de gripes e resfriados, não compensa retirar o bebê de casa para realizar as sessões de acupuntura, já que essas doenças são autolimitadas – ou seja, regridem espontaneamente. Outro exemplo são as cólicas: o tratamento geralmente se mostra mais efetivo a partir de outras estratégias.
POR DENTRO DA SESSÃO
Quem quiser testar a técnica para tratar seu filho deve primeiro escolher um profissional de confiança – de preferência, com especialização em pediatria. Juntos, vocês irão definir a melhor
abordagem de tratamento: com agulhas (são finas, bem menores do que as usadas em adultos, e posicionadas superficialmente na pele), sementes pequenas como a de mostarda, laser, ventosas ou pressão manual. Os especialistas foram unânimes em afirmar que os resultados promovidos pelas agulhas são mais rápidos e eficientes. No entanto, as demais alternativas são válidas, caso seu filho tenha muita aflição das picadas ou arranque o esparadrapo com as sementes (que permanecem fixadas após a sessão), por exemplo.
Se optar pelas agulhas, verifique se a clínica oferece todo o material necessário. Em serviços gratuitos, como no do Ambulatório de Acupuntura e Pediatria e Adolescência da Unifesp, é preciso levar um kit com os acessórios descartáveis. A frequência das sessões varia de acordo com o diagnóstico, mas geralmente vai de duas a quatro vezes por semana. A conduta em aplicação infantil também é diferente. Enquanto em adultos é comum estimular até 30 pontos por sessão, nos bebês, esse número não costuma passar de dez, com apenas 20 segundos em cada um, aproximadamente. A alternativa, capaz de trazer mais qualidade de vida e saúde, tem ainda um ponto que conta bastante a seu favor: não tem efeitos colaterais.
AJUDA EMOCIONAL
Entre 2 e 4 anos, as crianças começam a compreender mudanças importantes na rotina delas, como a entrada na escola, uma eventual separação dos pais ou morte na família. Essas situações podem despertar sentimentos como tristeza, medo e raiva, que não devem ser ignorados. “Acreditamos que fatores emocionais estão ligados ao desequilíbrio dos órgãos e o consequente aparecimento de doenças”, diz o médico Lo Sz Hsien. Nesse caso, a acupuntura é indicada para modular a imunidade da criança (diminui as chances de adoecer), combater a ansiedade e trazer bem-estar. Se ela tiver medo de agulhas, busque alternativas. “Além das sementes e do laser, crianças nessa faixa etária podem ser submetidas a sessões com ventosas magnéticas (ímãs)”, sugere o especialista. O tratamento é indolor.
ALÍVIO PARA AS FUTURAS MÃES
Para amenizar sintomas comuns à gravidez – como azia, vômitos e dores –, a gestante também pode apostar na acupuntura. “A técnica está liberada nos nove meses da gestação, para atenuar inchaço, insônia, enjoo, dores lombares e ansiedade”, afirma o pediatra Lo Sz Hsien. E as vantagens vão além: um estudo divulgado no Encontro Anual da Sociedade de Medicina Materno- Fetal, em Chicago (EUA), mostrou que, para diminuir sintomas de depressão, a acupuntura é mais eficaz do que tratamentos específicos para a doença ou massagens. No trabalho feito com 150 gestantes diagnosticadas com o transtorno, o método chinês alcançou o maior índice de melhora. Antes de adotar a técnica, deve-se ficar atenta a duas recomendações. “É preciso escolher um profissional capacitado, pois existem pontos abortivos que têm de ser evitados para não antecipar o parto ou provocar a perda do bebê”, alerta a pediatra Márcia Yamamura. Além disso, a eletroacupuntura, feita com aparelhos elétricos para potencializar os efeitos, também está vetada, devido ao risco de malformação do bebê.

Fonte: Revista Crescer

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