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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Acupuntura protege o fígado do efeito de medicamentos, diz estudo da USP

A acupuntura é uma boa alternativa para controlar os danos ao fígado causados pelo uso contínuo de alguns medicamentos. A constatação é do médico veterinário e acupunturista Alexandro dos Santos Rodrigues em sua tese de doutorado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP. O trabalho investigou a influência da técnica milenar chinesa no controle de lesões hepáticas em ratos.
“O fígado é responsável pelo processo de metabolização de medicações. Algumas pessoas tomam medicamentos continuamente [como os usados para combater o colesterol] e isso causa danos ao funcionamento do órgão. Esse trabalho comprovou que a acupuntura pode ser usada para reduzir os prejuízos causados pelo uso contínuo de remédios agressivos ao fígado”, afirma Rodrigues.

Os animais que passaram por sessões de eletroacupuntura no ponto E36 (localizado na perna, próximo ao joelho) ou no BP6 (próximo ao calcanhar) apresentaram diminuição de lesões hepáticas. Na comparação entre esses dois grupos, a progressão das lesões foi menor nos ratos que receberam estímulo no ponto E36. “Na eletroacupuntura, as agulhas são conectadas a fios, que são ligados a uma máquina que envia um estímulo padronizado e contínuo às agulhas”, explica o pesquisador.
O veterinário induziu as lesões hepáticas por meio da tioacetamida, substância já usada no passado como agrotóxico em lavouras. Atualmente, ela é empregada nas indústrias têxtil, de couro e papel. No meio acadêmico, a droga é utilizada por pesquisadores em modelos científicos de indução de lesões no fígado.
O experimento
O veterinário explica que existem vários graus de lesões hepáticas: inicialmente, após repetidas agressões, ocorre uma fibrose que, se não tratada, evolui até chegar à cirrose. Esta pode originar neoplasias (câncer). “Sabemos que o fígado tem grande capacidade de recuperação, mas somente até um certo grau das lesões”, afirma.
Rodrigues trabalhou com 70 ratos wistar. Antes de iniciar o experimento, o médico colheu amostras de sangue para avaliar oito marcadores sanguíneos ligados a lesões hepáticas. A dose de tioacetamina aplicada variou de acordo com o peso de cada animal.
Para poder aplicar as sessões de eletroacupuntura, o veterinário optou por usar o anestésico isofluorano, por via inalatória. “A maioria dos anestésicos comuns interfere de forma significativa na função hepática, e isso poderia prejudicar os resultados”, conta. A dose empregada foi a necessária para manter os animais em estado de semiconsciência.
“Quando a agulha da acupuntura é inserida na pele, ela causa um estímulo que percorre as vias nervosas do corpo e chega até a medula óssea. Por meio da medula, a informação vai para o cérebro, onde neurotransmissores se encarregam de emitir respostas que são transmitidas e agem em um determinado local do corpo. Se os animais ficassem totalmente sedados, esse fato também poderia interferir nos resultados”, explica.
Os animais foram divididos em sete grupos: sadios (que não passaram por nenhum tipo de intervenção); controle para tioacetamida (aplicação apenas dessa droga); controle para isofluorano (aplicação apenas desse anestésico); com aplicação de eletroacupuntura no ponto E36 e outro no BP6. Os dois grupos restantes, E36s e BP6s, receberam aplicações em pontos “falsos”, ou seja, em lugares próximos aos pontos verdadeiros (E36 e BP6), mas que não resultariam em nenhum efeito ligado à proteção hepática.
Após a pesagem e a aplicação da tioacetamida, os animais foram sedados e, em seguida, receberam as aplicações de eletroacupuntura por 20 minutos. Na quarta semana do experimento, o pesquisador aumentou todas as doses de tioacetamida em 10%. Ao final das sete semanas, o médico colheu novas amostras sanguíneas para avaliar os oito marcadores.
Resultados
Todos os animais que receberam doses de tioacetamida apresentaram lesões no fígado. Mas, nos grupos sem uso de eletroacupuntura, as lesões hepáticas foram muito maiores. “Percebemos que, no grupo controle para tioacetamida, ocorreram danos consideráveis no fígado. Também encontramos muitas alterações ligadas aos oito marcadores de lesões hepáticas”, conta Rodrigues. “Já no grupo controle para isofluorano, também constatamos que o fígado apresentava lesões, apesar de esse anestésico ser considerado seguro contra danos hepaticos”, diz.
O pesquisador lembra que a hepatite C atinge de 2,5% a 4,9% da população brasileira. Já a cirrose hepática está entre as 10 maiores causas de morte no mundo ocidental. Não existe tratamento para esses casos, e a única opção é fazer um transplante de fígado. “Pense em alguém que precise tomar, diariamente, um medicamento que cause uma reação muito forte no fígado. O órgão seria afetado mesmo se estivesse em condições normais. Agora imagine se essa pessoa já estiver com o fígado comprometido por causa da hepatite C ou da cirrose”, questiona. “A acupuntura poderia ser usada como uma maneira de barrar grande parte dos danos ao fígado provocados pelo medicamento.”
A pesquisa de Rodrigues, "A influência dos pontos de acupuntura zusanli (E36) e sanyinjiao (BP6) no desenvolvimento de lesões hepáticas induzidas por tioacetamida em ratos wistar", foi apresentada em dezembro de 2009. O professor Francisco Javier Blazquez, da FMVZ, orientou o trabalho, que teve como co-orientadora a professora Ângela Tabosa, do setor de Medicina Chinesa e Acupuntura do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
fonte: http://tinyurl.com/33edl6u


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