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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A cura está nos pés

Sem maquinaria ou ferramentas, o diagnóstico faz-se pelo toque nos pés. A reflexologia detecta problemas de saúde depois de uma simples massagem com óleo de árnica (com infografia)
A partir da base é possível avaliar o estado do corpo - dos olhos ao pâncreas, todos os órgãos estão representados nos pés. E com o estímulo certo, pressão dos dedos ou massagem, as dores diminuem e a circulação melhora.
A reflexologia é mais do que uma massagem, é uma ciência porque se baseia no estudo fisiológico e neurológico, afirma Manuela Ferreira, terapeuta de reflexologia há 11 anos. E uma arte, pois depende da habilidade com que se aplica o estímulo adequado a cada condição.

Segundo a especialista, esta terapia tem importância ao nível da manutenção e da recuperação da saúde, mas também uma componente preventiva. "Podemos antecipar problemas". E dá o exemplo de uma colega que se queixava quando era estimulado o ponto correspondente à tiróide e "mais tarde soube que sofria de hipotiroidismo".
Não se trata apenas de aliviar a dor e os problemas circulatórios, digestivos ou sexuais, mas também os de ordem emocional, "como a ansiedade, o stresse e a depressão". A massagem ativa a cura, ou seja, a cada nova sessão de reflexologia reforça-se a sensação de bem-estar.
As informações dadas pelo corpo são surpreendentes até para os céticos das terapias alternativas - a própria observação das unhas, dos tornozelos e dos calcanhares serve para fazer uma avaliação.
Mas o que mais distingue a reflexologia de outros tratamentos é o fato de se conseguir fazer uma viagem pelo corpo, incluindo o estômago, os rins, os olhos e a coluna, sem sair do alcance do pé. E foi essa viagem que nos propusemos fazer para escrever este texto.
Manuela Ferreira sublinha que "não é preciso maquinaria nem produção. Aqui, o diagnóstico faz-se com conversa, toque e a empatia que se cria com o paciente". E acrescenta que as primeiras melhorias no estado de saúde sentem-se logo "no sistema neurológico, digestivo e a na qualidade do sono". E é verdade.
Os primeiros momentos da sessão servem para relaxar, com o contributo de umas toalhas quentes, com as quais a especialista envolve os pés do paciente antes de ‘pôr a mão na massa'. Depois, dá-se início ao diagnóstico.
O toque começa no dedo grande do pé esquerdo, que corresponde ao coração. Os nós dos dedos começam a testar a sua capacidade de resistência à pressão feita pela massagem terapêutica, com óleo de arnica. A ponta do dedo revela o estado do cérebro; numa posição mais abaixo percebe-se como está o pescoço. Na zona por baixo dos dedos, passa-se para a avaliação dos olhos.
À medida que a pressão das mãos da terapeuta aumenta, o pé encolhe-se. Chega-se ao ponto que corresponde aos rins e a estimulação revela que qualquer coisa não está bem.
Sem o saber, Manuela Ferreira identifica um problema que já era conhecido, mas que não tinha sido comunicado: um cálculo renal. As revelações não ficam por ali, uma vez que as peles soltas, perto do calcanhar, também denunciaram um mau funcionamento dos ovários.
No pé direito, a terapeuta identificou retenção de líquidos no tornozelo, justificados pelo mau funcionamento do rim. Feito o balanço, o rim e os ovários precisam de maior atenção, que também começa por uma melhor alimentação. A mudança dos hábitos é um dos conselhos mais repetidos.
Apesar do tabaco, os pulmões e os brônquios não inspiram grande preocupação.
Após a massagem, e com os pés ligeiramente doridos, o bem-estar é confirmado por uma sensação de energia e força. À noite, chega uma espécie de cansaço bom que faz com que as horas de sono sejam dormidas de uma vez, sem sobressaltos.
É, talvez, por esta qualidade do sono que a maior parte das pessoas que recorrem às mãos de Manuela sejam já de alguma idade. A paciente mais velha tem 84 anos: "Querem diminuir a quantidade de medicamentos que tomam. E são pessoas mais despertas para estas terapias".
A reflexologia tem pelo menos cinco mil anos e está bastante desenvolvida no Egito e em países como a China e o Vietnam.
Na Escócia há um hospital de medicina tradicional que utiliza esta terapia, a par das intervenções normais de prevenção, diagnóstico e cura. "Esse era o meu sonho, trabalhar num hospital em Lisboa em que pudesse ajudar os outros", revela Manuela Ferreira. E queixa-se do fato de, em Portugal, não haver "a filosofia da manutenção e da recuperação da saúde, pois só se vai ao médico quando há um problema".
Desconhecida por muitos, a sua divulgação poderia passar pelas crianças, "muito mais receptivas e disponíveis para a descoberta". Por outro lado, os adultos não estão habituados a serem tocados, "em especial, nos pés". No entanto, são das partes do corpo que mais precisam de bons estímulos e até de mimos - "suportam a estrutura do corpo".
As sessões com Manuela Ferreira são feitas na casa do paciente, forma que a terapeuta encontra para o conhecer melhor - está no seu espaço.
Fonte: SOL

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